Conheci recentemente em Franca no interior de São Paulo, uma universitária chamada Maria*. Ela cursa o 1º ano de Serviço Social na UNESP, e sua cidade ficava a aproximadamente 401 km de Franca, morava na capital, em uma favela, a sua casa era feita de tábuas e moram com ela aproximadamente 08 pessoas ( Entre essas pessoas, uma avó muito doente e sua mãe soropositivo), segundo a mesma ela é a pioneira da família a entrar para uma faculdade. Como ela se mantém lá? Ela mora na MORADIA ESTUDANTIL que é mantida e de propriedade da universidade, recebe uma bolsa socioeconômica de R$ 290,00 ( Duzentos e Noventa Reais) p/ mês, chamada bolsa BAAE, a universidade subsidia 100 % das despesas com vale transporte, e não só as dela como também as dos outros estudantes que vivem na MORADIA ESTUDANTIL, as suas refeições ( Almoço/ Janta), de acordo com o turno das aulas, são feitas no RU – RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO, onde ela e todos os universitários pagam um valor simbólico de R$ 3,00 ( Três reais) por refeição, em alguns RUs da Unesp, este valor não passa de R$ 2,00 ( Dois reais) por refeição, vale salientar também que a universidade subsidia 80% do valor dessas refeições, motivo esse, do custo baixo. Segundo a própria Maria, se fosse depender da família dela para custear os seus estudos, ou eles passariam fome ou ela não estaria na faculdade. Agora vem outra pergunta: CASO A MARIA MORASSE AQUI NO VALE DO SÃO FRANCISCO, A MESMA CONSEGUIRIA ESTUDAR NA UNIVASF? A UNIVASF IRIA PODER PROPORCIONAR UMA OPORTUNIDADE DE GRADUAÇAO A ELA?
O plano para instalação de uma universidade federal aqui no sertão nordestino foi muito bonito e louvável, a idéia era trazer o desenvolvimento socioeconômico a uma das regiões mais carentes do país, porém dos 22 ( Vinte dois) cursos de graduação existentes na UNIVASF, 15 ( Quinze) são em horários integrais e a penas 07 ( sete) noturnos, ou seja, aproximadamente 68% dos cursos são integrais, portanto, para alunos que não trabalham e têm famílias em condições financeiras para sustentá-los no período da graduação. Que fique bem claro aqui, não tenho nada contra os cursos integrais, até penso que eles dão uma formação mais sólida, o que é PARADOXAL e não entendo, é como uma universidade do porte da UNIVASF dá uma ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL tão ínfima e capenga, mesmo estando instalada em cidades onde a maioria dos jovens segue a máxima de “trabalhar de dia, para ter o que comer a noite.”.
Quanto ao PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL prestado pela UNIVASF aos alunos carentes, ele é pífio, pois se resume a 02 bolsas ( Bolsa Permanência e Bolsa de Apoio Acadêmico), eles também têm o Auxilio Alimentação. Como “funcionam” essas bolsas? Ambas são no valor de R$ 250,00 (Duzentos e Cinqüenta Reais), sendo que para os alunos do campus de ciências agrárias, o valor da Bolsa Permanência é reduzido ainda mais, indo para R$ 83,00 (Oitenta e três Reais), vale salientar que essas bolsas não são acumulativas, ou recebe uma ou outra, os alunos passam por um critério de avaliação socioeconômico, sendo que a Bolsa de Apoio Acadêmico são apenas (05) para todos os campus, ou seja, uma bolsa por campus, é praticamente um mine sorteio de loteria conseguir essa última bolsa, já a Bolsa Permanência o número é bem maior. Quanto ao Auxilio alimentação ele se refere a uma alimentação diária, e o candidato ao auxilio não pode ter vinculo empregatício, são abertas exceções em alguns casos. VOCÊS ACREDITAM MESMO QUE COM A QUANTIA DE R$ 250,00 MENSAIS, UM ALUNO CARENTE ( CASO ELE CONSIGA A BOLSA) E QUE FAZ GRADUAÇÃO DE TEMPO INTEGRAL NA UNIVASF POSSA PAGAR DESPESAS COM: MORADIA, ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE, XEROX ETC ? E CASO ESSE ALUNO CARENTE RESIDA EM UMA CIDADE CIRCUNVIZINHA? Sugiro como cidadão, que caso a UNIVASF não tenha meios financeiros para dar uma assistência estudantil mais EFICIENTE, que então reveja essa quantidade de graduações em tempo integral.
* O nome é fictício, mas o relato é verídico.